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Os Jogos Olímpicos de Paris prometem ser um dos mais tecnológicos até hoje. O evento começa em 26 de julho e termina em 11 de agosto e há muitas expectativas para o uso de Inteligência Artificial (IA) e soluções 3D, gerando uma experiência imersiva e inesquecível para atletas e espectadores.

IT Forum conversou com a Intel e a Atos, ambas fornecedoras oficiais dos Jogos, para entender a experiência personalizada que as empresas levarão para aqueles que irão acompanhar esse grande acontecimento esportivo.

Como Parceira Oficial Mundial de Plataforma de IA dos Jogos, a Intel levará várias inovações tecnológicas para engajar fãs e atletas. A fornecedora usará IA para personalizar e aprimorar o treinamento de atletas, com o Rastreamento de Atletas em 3D (3DAT) analisando movimentos sem a necessidade de sensores especiais.

A tecnologia será demonstrada na Experiência da Plataforma de IA da Intel, que construirá perfis atléticos personalizados para os participantes. “Essa abordagem inovadora permite uma análise abrangente dos movimentos, fornecendo insights sobre técnica e desempenho”, explica Sarah Vickers, head do Programa de Olimpíadas e Paraolimpíadas da Intel.

Outra iniciativa que será colocada em prática é a “Imersão Inédita no Local com IA”, onde os espectadores podem embarcar em uma jornada interativa para se tornarem atletas olímpicos, utilizando IA e visão computacional para analisar habilidades e alinhar seus perfis a esportes específicos. “Queremos que todos experimentem o que é ser um atleta olímpico, com a ajuda da IA para personalizar essa jornada”, conta ela.

 

Para aqueles que vão acompanhar de longe, a transmissão ao vivo também será revolucionada. Os Jogos de Paris serão os primeiros a utilizar processadores Intel Xeon com a tecnologia Intel AI Deep Learning Boost para oferecer uma experiência de transmissão em 8K. Esta tecnologia permitirá uma visualização ultra detalhada com baixa latência pela internet.

Além disso, a automação por IA possibilitará que os radiodifusores ofereçam conteúdo digital personalizado mais rapidamente. O Serviço de Geração Automática de Destaques, treinado na plataforma Intel Geti, empacotará destaques personalizados em várias disciplinas, distribuindo-os instantaneamente para os fãs.

Preparo além do físico

Essas experiências demandam uma preparação bastante robusta, assim como os atletas. “Estamos rompendo barreiras entre modelos e realidade, oferecendo experiências inteligentes e conectadas para todos”, destaca a executiva.

A IA da Intel impulsionará ainda avanços na acessibilidade para deficientes visuais nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024. A IA construída em Intel Xeon, e os modelos 3D tanto do Centro de Alto Desempenho da Equipe dos EUA em Paris quanto da sede do Comitê Paralímpico Internacional em Bonn, Alemanha, permitem navegação indoor e por voz via um aplicativo de smartphone, gerando uma experiência inclusiva.

A Atos também vai usar massivamente IA aportando toda a sua experiência em atividades esportivas agora em Paris. Um dos exemplos será para melhorar a eficiência dos processos, como no portal de voluntários, onde módulos de IA facilitam a correspondência de candidatos com posições adequadas, acelerando a seleção. “Isso resulta em uma eficiência muito maior em todo o processo”, observa Claudia Vale, head do Laboratório de Testes de Integração da Atos.

A executiva da Atos enfatiza a importância de estar à frente das tendências tecnológicas para atender aos requisitos do Comitê Olímpico Internacional (COI) e proporcionar a melhor experiência possível.

Ao mesmo tempo em que quer possibilitar a melhor experiência, a Atos terá pela frente diversos desafios, como a diferença de 12 horas para suportar competições de surfe no Tahiti e a instalação de infraestrutura em locais não convencionais, como o Trocadero, próximo à icônica Torre Eiffel, onde acontecerão as competições de ciclismo e de atletismo. “Precisamos ser rápidos, eficientes e flexíveis”, conta Claudia.

Ela explica essa complexidade. Com uma diferença de 12 horas no fuso horário, as equipes no Technology Operations Center (TOC) e Cybersecurity Technology Operation Center (CTOC) terão de fornecer suporte a esse local e planejar todas as manutenções de software e infraestrutura necessárias, que geralmente são feitas durante a noite, de modo que não impactem a competição também nos locais em Paris.

Tecnologia: esporte coletivo

A colaboração entre empresas é essencial para garantir o sucesso dos Jogos. A Intel, por exemplo, tem uma longa história de inovação nos Jogos Olímpicos, desde a exibição de drones na PyeongChang 2018 até a introdução do rastreamento de atletas em 3D em Tóquio 2020.

Desde os Jogos de PyeongChang 2018, a Atos conta com um laboratório centralizado no escritório da empresa em Madrid, na Espanha, que hospeda os clientes do COI durante a fase de teste do projeto, com mais de 60 especialistas da Atos em operações esportivas e aplicações usadas nos Jogos.

“Também contamos com uma equipe na cidade-sede para estabelecer contato com o Comitê Organizador de Paris 2024 e os outros parceiros de TI no planejamento e operação dos locais. Assim, o envolvimento da Atos nos Jogos Olímpicos vai além dessas equipes”, observa Claudia.

A Atos, como provedora de integração para o COI, trabalha de perto com diversas empresas de TI para garantir a robustez e confiabilidade da infraestrutura tecnológica. “Somos como o chef de um restaurante, coordenando várias funções nos bastidores para garantir que todas as refeições sejam perfeitas e entregues pontualmente”, compara a executiva.

Tal qual aconteceu em outro Jogos Olímpicos, a Intel e a Atos estão comprometidas em deixar um legado duradouro para Paris. A Intel, por exemplo, está trabalhando na clonagem neural de objetos para transformar vídeos das coleções olímpicas em artefatos digitais 3D, permitindo que o Museu Olímpico traga suas coleções para ambientes digitais interativos.

Ensinamentos deixados pelos Jogos Olímpicos do Brasil

A Embratel foi a fornecedora de serviços de telecomunicações e patrocinadora oficial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Na época, a empresa disponibilizou 132.000 quilômetros de fibras ópticas, 17.500 quilômetros de cabos submarinos, 77.000 pontos de acesso à Internet, 1.600 servidores virtuais, 71.000 quilômetros de cabos de fibras ópticas, dois Data Centers, dois satélites, Wi-Fi para locais públicos, hospedagem de portais, gestão digital de veículos da frota do evento, segurança digital e serviços de vídeo para transmissão broadcast.

Mário Rachid, Diretor-Executivo de Soluções Digitais da Embratel, conta, em entrevista ao IT Forum, que esse não foi apenas um desafio para a companhia, mas uma das maiores experiências de sua vida profissional. Pergunto qual foi o principal desafio e apreensão na época dos Jogos. “É preciso ter uma infraestrutura de backup pronta. Imagina você está vendo um esporte e cai uma transmissão ou para de funcionar um mecanismo que demande da nossa tecnologia”, diz ele.

Em Paris, diz o executivo, o uso da rede será ainda maior, uma vez que o 5G exponencia todo o uso da conexão. O público que está lá quer se comunicar, filmar, postar nas redes sociais. Os aplicativos também dependem do 5G e de sua baixa latência.

Os testes de infraestrutura, explica Rachid, começam meses antes – ainda que não seja tão fácil tentar replicar todas as demandas dos Jogos Olímpicos antes do evento começar. “Nós tínhamos uma questão de garantia das aplicações porque, além de telecomunicações, tínhamos o data center Olímpico, então precisávamos garantir que os equipamentos estavam a prova de falhas, com contingências que poderiam ser usadas a qualquer momento. No final das contas, são equipamentos que podem dar qualquer problema, a qualquer momento”, revela o executivo.

Entretanto, em sua opinião, o grande desafio da França é a cibersegurança. No Brasil, essa já era uma preocupação, mas em um cenário de duas guerras em curso e atacantes mais sofisticados, o cenário se torna ainda mais complexo.

“No Brasil, nós tínhamos uma sala de guerra voltada para segurança no qual ficávamos monitorando 24/7 não só dos nossos equipamentos, mas também a própria dark web. Muitas vezes você descobre que tem algo acontecendo porque alguém está oferecendo algo por lá. Agora é pior porque as ameaças se multiplicaram, a tecnologia evoluiu e a IA serve para os dois lados”, alerta Rachid.

Eduardo Bouças, CEO da Blockbit, diz que, no tripé da cibersegurança, a disponibilidade é o pilar mais fraco. “O que vai chamar muito atenção? Um ataque de DDOS em que você tira do ar uma transmissão, ou um ataque de ransomware em que você indisponibiliza um sistema de jogos e, se não tiver um backup muito bom, você fica fora do ar por um bom tempo.”

O segundo pilar é a integridade, porque todos precisam confiar nos resultados. “Você está falando de um país contra o outro. A Rússia, por exemplo, é um país de alta relevância em Jogos Olímpicos e qualquer milissegundo conta, então a integridade das provas é muito importante. Um hacker pode entrar nos sistemas e trocar o resultado. Por fim, há a confidencialidade, você tem dados de atletas, mas acho que não é tanto alvo quanto os outros”, complementa Bouças.

Nos últimos Jogos Olímpicos, afirma Tonimar Dal Aba, gerente técnico da ManageEngine, a quantidade de tentativas de ataques foi na casa de milhões. Por isso, é impossível organizar um evento desse, sabendod o cenário mundial, e não ter tecnologia.

“Se eu tenho uma rede wi-fi não tão segura e eu sofro um ataque, como isso impactará na competição? É um evento muito curto e com uma quantidade enorme de atividades acontecendo de forma simultânea. Os incidentes poderiam gerar um problema muito sério financeiramente, até para os próprios atletas”, adverte Dal Aba.

Outro ponto de atenção, complementa Bouças, é que o perímetro dos Jogos Olímpicos é muito grande, com diversas tecnologias, desde transmissões de comunicação até sistemas que controlam o credenciamento dos atletas, veículos de comunicação e sistema de resultados. Geograficamente também é desafiador, pois tem pessoas nos estádios, piscinas, ginásios etc.

Uma das maneiras de se proteger, diz o executivo da ManageEngine, é com os hackers éticos. Segundo o executivo, eles têm um papel extremamente importante para prevenir contra outros atacantes que tentem tirar proveito da situação. A empresa faz testes de invasão, procura vulnerabilidades, para corrigir antes de colocar em produção um evento.

O executivo da Blockbit é, também, um dos fundadores da Cipher, que trabalhou nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro fazendo o controle de acesso e identidade para o Comitê Olímpico. Ele conta que os preparativos começam quatro anos antes do evento.

“Tentativa de ataques sempre terá, a todo momento. Tem as tentativas normais dos robôs. E tem os ataques direcionados. Tem o sistema de monitoramento com tudo de mais moderno, mas nenhuma segurança é infalível. A forma de você gerar resiliência é ter múltiplas camadas de segurança. Quanto mais demora para reagir a um ataque com sucesso, mais a perda progride. Ela progride de forma exponencial”, finaliza Bouças.

Por: Eduardo Bouças, Ceo da Blockbit, para o Portal: IT Forum

Com mais de 5.000 clientes, Blockbit é a maior fabricante de soluções de cibersegurança do Brasil e pode auxiliar você a proteger o seu negócio das mais diversas ameaças, vulnerabilidades e ataques cibernéticos, sejam internos ou externos, genéricos ou direcionados.

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